terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Etapas

Você anda pela cidade e a acha envelhecida. Ruas, prédios antigos, casas de uma outra era.Em meio ao antigo surgem novidades, é evidente, porém o que me chama a atenção é a passagem do tempo nas coisas. Uma árvore, uma praça, uma calçada, aquela fachada desbotada, o paralelepípedo...as trincas nas paredes, as lembranças de antigos moradores que se foram.
Ituiutaba... estamos envelhecendo... Também em mim as marcas aparentes e outras tantas escondidas e ainda assim tão presentes. Costumo dizer que vou ficando esburacada. A gente sai da roda-viva e percebe que vai ficando à margem. Quase ninguém tem tempo. É quase como morrer talvez... Antigos colegas de trabalho, amizades esquecidas, sobrinhos queridos. Saudades acordadas de quem não voltarei a ver, nem tocar, nem sentir, nem dizer o que ficou pra ser dito. Saudades de mamãe, com quem vou ficando cada vez mais parecida. Compreendo-a cada vez mais, percebo-a em meus gestos, ao preparar a comida, a sofrer pelo sofrimento dos filhos, a esperar pelas vindas que se escasseiam, ou que se fazem rápidas demais...
Em algo somos diferentes, eu creio. Consigo perceber a solidão e entendê-la e aceitá-la cada vez mais e mais. Percebo o quanto é difícil conviver de verdade, sem exigir nada. Percebo que vou calando tantas coisas por entender que não se precisa dizer muita coisa, enfim.

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